A recompensa que Jesus dará para aquele que as faz
Luísa, Livro do Céu , vol. 11 – outubro, 1914
Estava a escrever as Horas da Paixão e pensava para comigo: “Quantos sacrifícios fiz para escrever estas benditas Horas da Paixão, sobretudo ao ter que escrever certos atos que ocorreram só entre mim e Jesus! Qual será a recompensa que Ele me dará por tudo isto?”. E Jesus fazendo-me escutar a sua voz suave e melodiosa, disse-me: “Minha filha, como recompensa, por teres escrito as Horas da Minha Paixão, irei te dar um beijo e uma alma, por cada palavra que escreveste.” E eu: “Meu Amor, isto é o que dás a mim. E a quem as fizer, o que é que lhe darás?” E Jesus: “Se as fizerem juntamente Comigo e com a Minha própria Vontade, por cada palavra que recitarem, irei dar-lhes, também, uma alma, porque a maior ou menor eficácia destas Horas da Minha Paixão, encontra-se na maior ou menor união que têm Comigo; e fazendo-as com a Minha Vontade, a criatura esconde-se no Meu Querer, e quando o Meu Querer age, posso fazer todo o bem que quero, mesmo por uma só palavra; e isto cada vez que as fizerem.”
Noutra vez, estava a lamentar-me com Jesus, porque depois de tantos sacrifícios para escrever estas Horas da Paixão, eram tão poucas as almas que as faziam, e Ele: “Minha filha, não te lamentes; ainda que fosse uma só, deverias estar feliz. Não teria Eu sofrido toda a Minha Paixão ainda que fosse para salvar uma só alma? Assim também tu. Nunca se deve deixar de fazer o bem só porque poucos aproveitarão; o mal é para quem não aproveita. E como a Minha Paixão fez adquirir o mérito à Minha Humanidade como se todos se salvassem; se bem que nem todos se salvem, porque a Minha Vontade queria salvar a todos, e mereci segundo aquilo que Eu queria, não segundo o proveito que teriam as criaturas. Assim tu, na medida em que a tua vontade se uniu à Minha em querer fazer bem a todos, serás recompensada. O mal é para aqueles que podendo fazê-las, não as fazem. Estas Horas são as mais preciosas de todas, porque não são outra coisa senão repetir aquilo que fiz no percorrer da Minha vida mortal e continuo a fazer no Santíssimo Sacramento. Quando sinto estas Horas da Minha Paixão, é como se sentisse a Minha própria voz, as Minhas próprias orações. Naquela alma, vejo a Minha Vontade, que é aquela de querer o bem de todos e de reparar por todos, e Eu, sinto-Me levado a morar nela, para poder fazer nela, aquilo que ela própria faz. Oh, como gostaria que, em cada país, existisse ao menos uma que fizesse estas Horas da Minha Paixão! Iria Me sentir, a Mim próprio, em cada país, e nestes tempos, a Minha Justiça tão descontente, ficaria, em parte, aplacada.”
Acrescento que um dia estava fazendo a hora em que a celeste Mãe sepultou Jesus, e eu a segui para lhe fazer companhia e partilhar a sua amarga desolação. Não era meu costume fazer esta hora. Só a fazia algumas vezes. Estava indecisa se devia fazê-la ou não, e Jesus bendito, todo cheio de amor e como se me pedisse, disse: “Minha filha, não quero que deixes de fazê-la; irá fazer por amor a Mim e em honra de Minha Mãe. Deves saber que cada vez que tu a fazes, a Minha Mãe sente-se como se estivesse pessoalmente na terra a repetir a sua vida, como se recebesse aquela glória e amor que me deu sobre a terra; e para Mim, é como se a Minha Mãe estivesse de novo na terra; sinto as suas ternuras maternas, o seu amor e toda a glória que Me deu; portanto, será como se fosses Minha mãe.” Depois, abraçando-me, sentia dizer baixinho: “Minha Mãe, Mamãe”. E recordava-me aquilo que fez e sofreu a doce Mãe naquela hora, e eu a seguia; e desde então, nunca mais deixei de fazê-la, ajudada por Sua Graça.