Neste mês tem início a Quaresma, tempo no qual somos chamados a nos recolher mais à reflexão e à oração, à penitência e às práticas de fé que nos permitem ter mais proximidade e intimidade com nosso amável Jesus. Serão quarenta dias nos quais teremos a chance de avaliar, especialmente, para onde os nossos passos têm nos levado: a caminho de Deus ou para longe d´Ele? Por vezes, julgamos estar bem próximos, de acordo com a nossa perspectiva, mas precisamos, antes, perguntar: “Quanto mais Deus tem me chamado? Quanto mais Ele quer que eu me adentre e caminhe para “águas mais profundas”? Muito provavelmente a resposta será: “Ele quer mais!”.
Uma boa maneira de revisarmos como estamos, é fazendo um exame de nossos pensamentos, sentimentos e atitudes: eles revelam Cristo para nós mesmos e para os outros? O quanto refletimos a semelhança d’Aquele que nos criou, o nosso Pai? E como é o Pai? Às vezes, nos comparo a uma criança que, ao perder-se, alguém lhe pergunta: “Como é o seu pai, para que ajudemos a encontrá-lo”. E ela responde: “Não sei”. Permanece perdida. Com as exceções que sabemos existir, todos sabemos como ele é, o nosso pai da terra. Mas, afinal, como é o Pai, Deus Pai? Não podemos dizer que não sabemos. Basta que olhemos o Filho. Não disse Jesus: “Quem me viu, viu também o Pai”? E o quanto temos do Pai em nós? Tudo! O nosso corpo “carrega” Deus em todas as suas células. Se somos seres viventes, é porque Ele nos dá a vida. E o que é a vida? O próprio Deus. Acaso não foi o sopro, o hálito de Deus que nos fez respirar, desde o princípio? Naquele sopro, Deus não só deu vida ao homem, Ele se deu ao homem.
“Deus criou o universo para servir como morada para o homem, e a alma do homem foi feita para servir como morada para Deus”, disse Jesus à Serva de Deus Luísa Piccarreta. Podemos, então, nos questionar novamente: “O quanto eu tenho sido morada para Deus?”
O primeiro parágrafo do Catecismo da Igreja Católica nos diz: “Eis por que, desde sempre e em todo lugar, [Deus] está perto do homem. Chama-o e ajuda-o a procurá-lo, a conhecê-lo e a amá-lo com todas as suas forças.” É Ele mesmo quem nos ajuda, desde que demos a Ele esta liberdade. Mas podemos nos manter afastados, dizendo que buscamos a Deus em casa, sentados no sofá, onde afirmamos que Ele também está e, por isso, fazemos somente ali as nossas orações. Atenção, pois completa o Catecismo: “[Deus] Convoca todos os homens, dispersos pelo pecado, para a unidade de sua família, a Igreja”. Deus, Onipresente, está em todo lugar, sem dúvida, mas convoca-nos à Igreja, onde acontece a remissão de nossos pecados, pela confissão e absolvição. Na Igreja temos o alimento da Palavra e da Eucaristia, sem os quais “desmaiaremos” pelo caminho. Na Igreja está a convivência com os irmãos, porque, aceitemos ou não, ninguém vive para si.
Nessa Quaresma saiamos do sofá, da preguiça, do comodismo que nos “enraíza”, para recebermos e oferecermos o que Deus quer para nós e de nós. Deus nos ama e quer que O amemos “em águas mais profundas”. E não nos esqueçamos: “Quem quer tudo de Deus, deve dar-se todo a Deus” (Jesus à Serva de Deus Luísa Piccarretta, 29/04/1902).