Luísa Piccarreta ( 23/04/1865 – 04/03/1947) e o Beato Padre Pio de Pietrelcina (25/05/1887 – 23/09/1968) agora santo, conheciam-se desde há muito tempo, sem jamais se encontrarem, dado que Luísa estava sempre sentada na cama e Padre Pio vivia isolado no convento dos Padres Capuchinhos de San Giovanni Rotondo.

Uma pergunta nasce espontaneamente: como se conheceram? É difícil sabê-lo, mas é fora de dúvida o fato de que se conheciam e se estimavam.

A tia Rosária narra que Luísa falava do Padre Pio com respeito e veneração, definindo-o: «Um verdadeiro homem de Deus», que ainda devia sofrer muito para o bem das almas.

Por volta de 1930, chegou à casa de Luísa uma personagem enviada pessoalmente pelo Padre Pio. Ele era Federico Abresch, convertido pelo Beato de Pietrelcina. O senhor Frederico falou prolongadamente com Luísa. Não sabemos o conteúdo da sua conversa, mas é certo que o senhor Frederico se tornou apóstolo da Vontade Divina e periodicamente visitava Luísa, com quem se entretinha sempre em longos diálogos.

Quando o seu filho recebeu a primeira comunhão das mãos do Padre Pio, foi acompanhado imediatamente também a Luísa que – segundo quanto se narra – lhe teria profetizado o sacerdócio. Hoje a criança de então é sacerdote, trabalha na Congregação para os Bispos em Roma e é conhecido pelo nome de Mons. Pio Abresch.

Quando Luísa foi condenada pelo Santo Ofício e as suas obras proibidas, o Padre Pio enviou-lhe esta mensagem através de Federico Abresch: «Cara Luísa, os santos servem o bem das almas, mas o seu sofrimento nunca tem limites». Nesse período, também o Padre Pio se encontrava em grande dificuldade.

O Beato Padre Pio enviava muitas pessoas a Luísa Piccarreta e, aos habitantes de Corato que iam a San Giovanni Rotondo, dizia: «O que vindes fazer aqui? Tendes Luísa, ide ter com ela».

O Padre Pio aconselhou a alguns dos seus fiéis (entre os quais Federico Abresch) que abrissem em San Giovanni Rotondo um centro de espiritualidade que se inspirasse na Serva de Deus Luísa Piccarreta. Hoje a herdeira desta vontade do Padre Pio é a senhora Adriana Pallotti (filha espiritual do Padre Pio), que fundou em San Giovanni Rotondo uma Casa da Vontade Divina, conservando viva a chama acesa pelo Padre Pio com o senhor Federico Abresch). A senhora Adriana Pallotti afirma que foi o Beato Padre Pio a encorajá-la a difundir a espiritualidade de Luísa Piccarreta em San Giovanni Rotondo e a contribuir à divulgação da Vondade Divina no mundo, como desejava o Padre Pio.

A tia Rosária frequentava periodicamente San Giovanni Rotondo, de forma especial após a morte de Luísa. O Padre Pio conhecia-a muito bem e, quando Luísa ainda vivia, assim que a via, dizia: «Rosária, como está Luísa?». A tia Rosária respondia-lhe: «Está bem!».

Depois da morte de Luísa, a tia Rosária intensificou as visitas a San Giovanni Rotondo, também para receber iluminação e conselhos do Padre Pio. Ela foi a única lâmpada que permaneceu acesa para resolver o caso de Luísa Piccarreta, no que diz respeito à sentença do Santo Ofício, visitava várias personalidades eclesiásticas e enfrentava também a Congregação do Santo Ofício.

Certa vez entrou – não se sabe como – no escritório do Cardeal Ottaviani, então Prefeito dessa Congregação, que a escutou benignamente, prometendo interessar-se pelo caso. Com efeito, poucos dias depois, a tia Rosária foi convocada por D. Addazzi, arcebispo de Trani, que lhe disse: «Senhora, não sei se devo repreendê-la ou admirá-la pela coragem que teve ao enfrentar o cão de guarda da Igreja, o grande defensor da fé, sem ser mordida». A conclusão foi que se obteve a autorização de transportar os despojos mortais de Luísa para o cemitério da igreja de Santa Maria Grega.

Luísa dissera à minha tia: «Tu serás a minha testemunha», e certo dia o Padre Pio disse-lhe de repente estas palavras no seu dialeto de Benevento: «Rosa’, va nanz, va nanz ca Luísa iè gran e u munn sarà chin di Luísa» («Rosária, vai avante, vai avante que Luísa é grande e o mundo estará repleto de Luísa»).

A minha tia narrava com frequência este episódio, mas as coisas não iam bem: tudo fazia supor que Luísa iria cair no esquecimento.

Certo dia após a morte do venerado Padre Pio, a minha tia disse: «O Padre Pio profetizou que Luísa será conhecida no mundo inteiro». E repetia esta frase que o Padre Pio pronunciara no seu dialeto.

Respondi-lhe que o caso de Luísa Piccarreta não seria de fácil solução. Efetivamente, mesmo em Corato já não se falava mais dela, e a frase do Padre Pio podia considerar-se uma observação consoladora.

Todavia, a tia Rosária retorquiu: «Não! Durante a confissão, o Padre Pio disse-me que Luísa não é um fato humano, é uma obra de Deus, e Ele mesmo a fará emergir. O mundo permanecerá assombrado diante da sua grandeza; não transcorrerão muitos anos antes que isto aconteça. O novo milênio verá a luz de Luísa».

Permaneci em silêncio perante esta afirmação, e então a tia fez-me a seguinte pergunta: «E tu, acreditas em Luísa?». Respondi-lhe que sim.

  • Trecho extraído do livro “Coletânea de Memórias da Serva de Deus Luísa Piccarreta”, escrito por Pe. Bernardino Giuseppe Bucci (1935-2020), sobrinho da “tia Rosária”, que cuidou de Luísa por cerca de quarenta anos.
  • A Coletânea de Memórias da Serva de Deus Luísa Piccarreta foi escrita pelo Pe. Bernardino Giuseppe Bucci e publicada em 2000. Por esse motivo, algumas informações estão de acordo com o momento em que foram escritas. À época, Pe. Pio era Beato. Ele foi canonizado em 16/06/2002.